terça-feira, 29 de março de 2016

5 factos que vai querer aprender sobre tempos verbais

Os tempos verbais são o tema da semana no Estudar a Língua. Antes de analisarmos os tempos do português e a sua aplicação na oralidade e na escrita, vamos conhecer alguns factos interessantes sobre tempos verbais, que o leitor certamente vai gostar de aprender.

Foto: UOL educação


1 - Quem foi pioneiro a falar de tempos verbais e de verbos? 

Foto: clipart.me
Nada mais, nada menos do que Aristóteles! Na obra De Interpretatione, o pensador grego propõe uma definição de verbo e refere que o verbo transmite a "noção de tempo" e que carreia a noção do momento presente, do "agora". Isto, além do próprio significado da forma verbal, claro está.
Para o autor, a forma básica do verbo tem informação do tempo presente, ao passo que as formas que transmitem informação de passado e de futuro são indicadores de tempos verbais.
Hoje em dia sabe-se que há outras formas de expressar informação de tempo e sabe-se também que a função dos verbos não é apenas essa, mas os estudos de Aristóteles foram um grande contributo para os avanços da linguística e ainda hoje são tidos como referência em alguns estudos.

2 - Quantos tempos verbais tem o português? 

O português tem 19 tempos verbais*, divididos em dois modos e ainda num grupo de formas nominais (por terem propriedades em comum com os nomes). Além destes modos, ainda existe o modo Imperativo, relacionados, com ordem ou pedidos, por exemplo.

Indicativo: Presente (tenho), Pretérito Perfeito Simples (tive), Pretérito Imperfeito (tinha), Pretérito Mais-Que-Perfeito Simples (tivera), Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto (tinha feito), Futuro Simples (terei), Futuro Composto (terei feito), Condicional (teria), Condicional Composto (teria feito)

Conjuntivo (Subjuntivo em PT BR): Presente (tenha), Imperfeito (tivesse), Pretérito Mais-Que-Perfeito (Imperfeito Composto) (tivesse feito), Futuro (tiver), Futuro Composto (tiver feito)

Formas nominais: Gerúndio (tendo), Particípio (tido), Infinitivo impessoal (ter), Infinitivo flexionado (terem)

* Mas atenção: alguns gramáticos podem discordar desta análise, porque, como se referiu acima, nem todas estas formas verbais têm informação temporal.

3 - O Presente raramente transmite tempo presente.

Estranho, não é? Mas em certas línguas, como o português e o inglês, para transmitir tempo presente usa-se a forma progressiva: estar a + infinitivo na norma padrão do português europeu; estar + gerúndio em português do Brasil (e em certas regiões de Portugal, como o Alentejo) (estou a fazer um bolo; estou fazendo um bolo). Durante esta semana vamos explicar porquê, por isso estejam atentos!

4 - O português é das raras línguas a nível mundial que tem infinitivo flexionado.

O infinitivo, em princípio, é a forma mais básica do verbo, a raiz, por assim dizer. Por isso, é geralmente impessoal e não tem flexão. Acontece que, no português, pode ter, quando é precedido de tem sujeito próprio.

Por exemplo, não podemos dizer: *É bom eles fazer exercício. Dizemos, isso sim: É bom eles fazerem exercício. (Contraste-se com a construção impessoal: É bom fazer exercício.)

5 - O Imperfeito é o tempo verbal que mais usos diferentes tem em português.

Foto: lifehacker.com
Além de ser um tempo do passado, o Imperfeito é tradicionalmente usado com valor de cortesia, por exemplo. Quando pedimos um café, por exemplo, preferimos normalmente o Imperfeito ao Presente, embora seja no momento presente que queremos realmente um café (Queria um café).

Na verdade, raramente o Imperfeito é só um tempo do passado. Sem querer acrescentar demasiada informação por enquanto, porque também vamos falar mais disto durante a semana, o Imperfeito às vezes até é usado com um certo sentido de futuro, em frases do tipo "Amanhã ia ter contigo se pudesses" (é importante notar que o leitor só tem a certeza de que há uma leitura de futuro por causa do amanhã).

Já sabem: fiquem atentos, porque durante esta semana vamos ensinar bem mais sobre tempos verbais!



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