segunda-feira, 21 de março de 2016

10 dicas para escrever bem, sem erros e de forma convincente

Quer candidatar-se a uma entrevista de emprego? É responsável por documentação na empresa onde trabalha? Escolheu uma carreira que o obriga a escrever muito (e bem)?

Pois bem, não terá outra hipótese que não a de ter muito cuidado e atenção com aquilo que escreve. O uso correto da língua é uma componente fundamental no meio profissional e um descuido pode arriscar a sua reputação. E se escrever faz mesmo parte do seu dia-a-dia, então não ter consciência sobre alguns aspetos linguísticos é um risco tremendo e, muito provavelmente, um erro. 

1 - Não cometer erros ortográficos


Os erros ortográficos Os correctores ortográficos são uma ferramenta rápida, eficiente e extremamente útil.

2 - Pontuação, pontuação, pontuação



Nunca é demais insistir: a pontuação é absolutamente determinante para a leitura. Erros de pontuação podem alterar por completo a semântica de uma frase. Se há pausas, use a vírgula, sem medo. 

Simplesmente, tenha o cuidado de não separar por vírgulas elementos da frase que não podem ser separados: sobretudo, nunca separe sujeito e o verbo por pontuação. Use-as, por exemplo, em enumerações, apostos (como "por exemplo" ou quaisquer outros constituintes que sirvam para classificar ou identificar o constituinte anterior), entre outros. 

Não se esqueça do ponto final no fim de uma frase. Se esta for exclamativa ou tiver um teor mais emotivo, use o ponto de exclamação (!) e, por favor, não use pontos finais em perguntas. O ponto de interrogação (?) serve para alguma coisa e, francamente, não o utilizar é um hábito irritante. 

Antes de um diálogo ou antes de apresentar uma enumeração, use os dois pontos (:). 

3 - Não dizer dez palavras quando duas chegam

Às vezes temos a tendência para complicar e dizemos demasiadas palavras para exprimir uma ideia. A língua portuguesa é uma língua rica e dá-nos muitas ferramentas. Pare um pouco e pense se não há uma maneira mais simples de se expressar. 

4 - Frases activas em vez de frases passivas

As frases passivas são úteis quando o sujeito é nulo. Mas têm um problema: alteram a ordem de palavras. Para se exprimir de forma eficiente, escreva de acordo com aquilo que é mais habitual para quem lê. Como já aqui referimos, a ordem de palavras habitual é S V O (Sujeito - Verbo - Objeto). Nas frases passivas, o constituinte que reconhecemos como sujeito passa para uma posição final da frase, tornando-a mais difícil de ler, porque não obedece à ordem habitual. 

Além disso, nas frases passivas usamos obrigatoriamente uma perífrase verbal, isto é, o sintagma verbal é constituído por mais do que uma forma verbal. Portanto, em muitos casos, estaremos a usar palavras a mais para aquilo de que precisamos.

Afinal, para quê dizer "A escultura foi feita pelo João" se podemos simplesmente dizer "O João fez a escultura"?

5 - Frases afirmativas em vez de frases negativas



A menos que o propósito seja mesmo reforçar a negatividade ou a negação da verdade de uma proposição qualquer, use frases afirmativas. São sempre mais fáceis de ler e são mais assertivas (e, mais uma vez, à partida serão mais curtas do que frases que incluem uma negação). 
6 - Não cometer erros gramaticais

De erros gramaticais temos falado desde que este blogue foi criado. Já percebemos que há erros mais graves do que outros, ou mais detetáveis do que outros. Este ponto não pode ser explanado aqui, porque a gramática tem uma dimensão quase infinita, e seria impossível apontar aqui todos os erros gramaticais passíveis de serem cometidos. Mas todos nós temos conhecimento da língua para detectar erros que tornem o texto menos fluido ou mais difícil de perceber. Quando assim é, é possível que haja alguns erros gramaticais. É uma questão de ter atenção e, claro, de ir lendo sempre que possível o Estudar a Língua, que o pode ajudar em muitas questões. 

7 - Saber quando hifenizar



Se algum dia alguém lê um texto seu e apanha algo como "fize-mos", diga adeus à sua reputação: quem o leu vai achar que não sabe escrever português. A conjugação dos verbos dá-se no ensino primário. Se cometer erros de primária, vão achar que a sua formação acabou aí ou que, durante o resto da sua formação, andou a dormir em vez de aprender e de estar atento. O hífen serve para "integrar" certas formas pronominais numa forma verbal. Leia mais sobre isto aqui e aqui.

8 - Não complicar

Em alguns dos pontos anteriores já explorámos um pouco esta ideia. A simplicidade é a maior arma para a eficiência. Quando escrevemos, temos um dado leitor e uma dada mensagem. A mensagem que está na nossa mente tem de passar para palavras escritas. Isso nem sempre é fácil: por vezes não encontramos a palavra certa e acabamos por complicar com demasiadas explicações e "rodriguinhos". Os textos não precisam de muitos ornamentos: deixe isso para as grandes obras literárias. Os ornamentos servem para quem tem um domínio profundo da língua, mas não se deixe enganar: são poucos os que o têm, e mesmo esses, muitas vezes, preferem simplificar para passarem eficazmente a sua mensagem.



9 - Usar devidamente a acentuação



O português tem acentos. Quem não gosta, tem de se habituar. Se não acentuar as palavras como deve ser, vai passar por preguiçoso, porque não se deu ao trabalho de colocar o acento onde devia. Sublinhe-se: onde devia; não ponha acentos no sítio errado. 

Lembre-se: há três tipos de acentuação em português. Há as palavras agudas, cuja sílaba tónica é a última (a-qui). Há as palavras graves, que são uma maioria, e cuja sílaba tónica é a penúltima (bo-la). E há, finalmente, as palavras esdrúxulas, cuja sílaba tónica é a antepenúltima (re-mé-di-o). 

Estas últimas são menos frequentes e são quase sempre acentuadas, seja por acento agudo ( ´ ) ou por acento circunflexo ( ^ ). 

Não existem palavras com dois acentos (a menos que um deles seja o sinal de anasalação, mais conhecido como til ( ~ )). 

Há ainda o acento grave. O acento grave só se usa nas seguintes palavras: à, àquilo, àquele/a/es/as. Este acento surge apenas quando há uma contração da preposição a com os determinantes a, as, aquilo, aquele, aquela, aqueles e aquelas

Dê lá por onde der, nunca confunda o acento agudo com o acento grave. Sobretudo, não confunda à com . Isso demonstra, no mínimo, falta de concentração. Na pior das hipóteses, mais uma vez, pode fazer com que o seu leitor pense que não sabe escrever, porque é outra vez um erro primário e grave. 


10 - Fazer uma revisão
Pode perder algum tempo, mas é um trabalho muito valioso. É subvalorizado, porque as pessoas andam sempre com pressa, sobretudo no meio profissional, mas uma boa revisão pode fazer a diferença. 
Às vezes cometemos erros irrelevantes, pequenas gralhas. Basta clicarmos na tecla ao lado daquela em que queremos mesmo carregar. Uma revisão permite-nos corrigir estes e outros erros e permite-nos perceber se em algum ponto do texto nos perdemos numa frase demasiado longa ou que ficou incompleta.  
A verdade é que o processo de revisão é quase tão importante como o da escrita, porque é da revisão que deve sair o produto final.


Se cumprir todas estas dicas, pode ter a certeza de que terá um produto final cuidado e credível. Não se esqueça: o Estudar a Língua está cá para esclarecer todas as dúvidas que possam surgir, sobretudo ao nível gramatical. E havemos de retomar este tema, para vos mostrar erros muito comuns na escrita que tem de evitar. Vemo-nos em breve!

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