sexta-feira, 1 de abril de 2016

O que vai querer saber sobre o Presente

Ora, retomando o tema da semana, os tempos verbais, é hora de falar do presente. Como foi escrito no artigo anterior, o Presente do Indicativo raramente é usado para expressar o momento presente, o agora, doravante aqui chamado de momento da enunciação.

Isto significa que este tempo verbal nem sempre possui, na verdade, informação temporal. Eis um exemplo:

- Eu como uma maçã.
- Eu estou a comer uma maçã.

Qual destas frases é que usariam se estivessem, no momento da enunciação, a comer uma maçã? A segunda, pois claro, que está na forma progressiva. Isto acontece porque o Presente do Indicativo, nesta frase em particular, não tem grande informação de tempo. Para percebemos a razão para esta leitura, temos de perceber que há dois tipos de situações: situações dinâmicas (comer, correr, fazer, nascer, etc.) e situações não-dinâmicas (estar, ser). Às situações dinâmicas vamos chamar de eventos e às não-dinâmicas, estados.

Então, quando dizemos "eu como uma maçã", que é um evento, estamos a dizer exatamente o quê? Uma locução adverbial pode ajudar a explicar:

- Eu como uma maçã todos os dias.

Uma frase destas significa que estamos a falar de um hábito, de comer uma maçã todos os dias. Claro que o adverbial ajuda a reforçar a leitura, mas o que acontece é que quando usamos o Presente do Indicativo com eventos, o tempo verbal não dá informação temporal. Pelo contrário, dá uma leitura de habitualidade. Outro exemplo:

- Ele tocou piano como só ele o faz [habitualmente].

Pelo contrário, se o Presente do Indicativo for usado com um estado, então aí sim, dá informação de tempo presente:

- Eu estou [agora mesmo] em Londres.

Há, como sempre, alguns casos excecionais, em que o Presente pode dar informação de tempo presente com eventos. Mas são mesmo muito raros. Um exemplo que os gramáticos costumam dar é o dos relatos de futebol em direto.

- Messi recebe a bola... chuta... e marca golo [neste preciso momento].

Presente projetado para o futuro

Estes são os dois usos prototípicos deste tempo verbal. Mas também o podemos encontrar em frases com uma leitura de futuro, embora não seja o tempo verbal em si que dê essa informação. Como por exemplo:

- Chove amanhã.

Esta leitura é reforçada com a estrutura ir no Presente do Indicativo + verbo principal no infinitivo. Se, no exemplo, anterior, a leitura de futuro é sobretudo dada pelo adverbial "amanhã", uma frase do tipo "Vai chover" não precisa de adverbial para percebermos que se trata de uma frase com leitura de futuro.

E, para não complicar, por hoje é tudo. Amanhã haverá mais, sobre outro tempo verbal. Fiquem atentos!

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