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Em primeiro lugar, quando temos um verbo numa frase, temos de atentar ao seu modo. E o que é isto? Segundo a Gramática da Língua Portuguesa de Mateus et alii (2003), o modo é aquilo que permite ao verbo expressar vários tipos de modalidade. Existem, fundamentalmente, quatro tipos de modalidade:
- interna ao participante: relacionada com a "capacidade e necessidade";
- externa ao participante: relacionada com "as circunstâncias externas" que rodeiam o participante;
- deôntica: relacionada com a ordem e o dever;
- epistémica: relacionada com a possibilidade, a dúvida e a incerteza.
Quanto a modos, existem, fundamentalmente, três: o Imperativo, o Conjuntivo e o Indicativo. Destes já ouviram falar, certo? Então, o Imperativo está relacionado com a ordem, pelo que expressa sobretudo uma modalidade deôntica.
O Conjuntivo e o Indicativo, de que vamos falar hoje, são um pouco mais difíceis de distinguir, pois podem "associar-se" a "mais do que uma modalidade". De qualquer modo, o Conjuntivo surge mais relacionado com a dúvida e a incerteza (modalidade epistémica). O modo Indicativo expressa mais facilmente certeza ou, simplesmente, situações em que se "afirma a veracidade de uma proposição" (Gramática da Língua Portuguesa, 2003) - no fundo, factos. É claro que a questão é bastante mais complexa, mas aqui tentamos simplificar.
Assim sendo, o Indicativo é o modo mais comum, sobretudo em frases simples. Em frases complexas, o Indicativo também surge na "maior parte das orações coordenadas" (frases com "e" ou "mas", por exemplo); e ainda na frase matriz ou oração principal da frase complexa. Já o Conjuntivo surge mais vezes em frases complexas subordinadas (em que há uma frase matriz, que pode ou não selecionar obrigatoriamente uma oração com Conjuntivo).
Quando nos ensinavam a distinguir os dois modos (ainda na escola primária), havia o hábito de dizer que, quando aparecia a conjunção integrante "que" numa frase (atente-se que o "que" nem sempre é uma conjunção integrante), a seguir teria de vir o Conjuntivo. Mas não é assim. Na verdade, o modo é escolhido com base naquilo que pretendemos exprimir.
Por exemplo, em frases complexas que expressam valores como "dúvida, volição, necessidade, possibilidade, obrigação, permissão", etc., o Conjuntivo é obrigatório:
- A Maria espera (Ind.) que o Rui chegue (Conj.) a horas.*
Já quando exprimimos "conhecimento ou crença", o Indicativo é mais frequente, mesmo na segunda oração.
- A Maria sabe (Ind.) que o Jorge está (Ind.) doente.*
Neste grupo há, no entanto, alguns verbos que admitem os dois modos na segunda oração.
- Ele calcula (Ind.) que os amigos estão (Ind.) em casa / estejam (Conj.) em casa.*
Por hoje é tudo. O próximo post será sobre a conjugação verbal, que está intimamente relacionada com o modo, e que traz muitos problemas - sobretudo quando há pronomes metidos ao barulho.
* Todos os exemplos foram retirados da Gramática da Língua Portuguesa, de 2003.
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