O novo ciclo de expressões lexicais utilizadas erradamente arranca com uma expressão que, arriscamos nós, aparece mais vezes escrita mal do que bem. Na verdade, há que admitir: em algumas destas expressões, é impossível fugir a certas questões gramaticais. Esta é uma delas.
Em primeiro lugar, para percebermos onde está o erro, temos de voltar às preposições. As preposições "de" e "em" têm uma propriedade que lhes permite contraírem com artigos, sejam definidos ou indefinidos, e ainda com pronomes pessoais.
Assim surgem "do", "da", "no", "na" e por aí fora. Foquemo-nos apenas na preposição "de". Esta contracção surge, por exemplo:
- para transmitir a ideia de posse (o carro do João; a bicicleta da Maria);
- para transmitir a ideia de origem (ele veio da cidade).
Muito diferente destes casos é a construção o facto de. A razão é simples. Enquanto o "de" que vimos acima está a introduzir complementos do nome anterior, este está a introduzir uma nova oração.
Sendo assim, as condições para uma contração da preposição com o artigo não existem, uma vez que a expressão seguinte funciona como sujeito da nova oração.
- O facto de ele estudar muito fez com que tivesse boas notas.
- *O facto dele estudar fez com que tivesse boas notas.
Outra expressão semelhante é antes de seguido de uma oração, em que aplicam exatamente as mesmas regras.
- Antes de ela entrar já eu tinha almoçado.
- *Antes dela entrar já eu tinha almoçado.
Por isso, lembrem-se: se virem a preposição de numa expressão lexical que introduza uma nova oração, não é possível vermos uma contração nem com artigos nem com pronomes.
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